Dezembro de 2015. Já era quase Natal e, como de costume, eu já estava pronto para ir para Avaré. A vida corria simples, muitas tarefas, algumas pausas para questionamentos filosóficos, já pensava em tudo que queria ter feito e ainda não fiz e nas próximas “promessas” de Ano Novo.
Sempre gostei de pegar ônibus (fora de horário de pico óbvio) e às vezes até sinto falta. O fato de sentar no banco da janela e ver o mundo por aquele vidro sujo, as coisas acontecendo lá fora em uma velocidade diferente… sempre despertou meus pensamentos e devaneios.
Essa semana não foi diferente. Logo nos primeiros dias, eu já estava com a cabeça cheia de preocupações, ansiedade (espero que você não saiba o que é isso e se souber que aprenda a lidar melhor do que eu rsrsrs) e coisas a fazer . Quando me sentei à janela de um ônibus, a caminho de um cliente, e comecei a vislumbrar o mundo, as pessoas, todos tão imersos em suas próprias atmosferas e logo me veio à cabeça como um olhar diferente pode mudar uma situação. Fiquei com isso na cabeça.
Mais alguns dias se passaram, a semana se arrastava até que recebi uma notícia daquelas que você precisa parar, respirar e pedir para a pessoa repetir para ter certeza do que ouviu. Existem notícias que por mais que você queira ou espere, quando é recebida causa um grande impacto. A noticia é que eu seria pai.
A semana acabou tão boa quanto poderia acabar, com os primeiros exames e o primeiro ultrassom. Pela primeira vez ouvi o coração tão pequenino, mas que batia com tanta força que parecia bater dentro de mim. Eu estava muito feliz, era a realização de um sonho, talvez o maior deles, mas mesmo sabendo de toda a responsabilidade e mudanças que esse acontecimento iria trazer para minha vida eu estava completamente tranquilo.
Não vou esquecer do meu primeiro momento sozinho após esse exame, quando todos os pensamentos começaram a se alinhar e as “fichas começaram a cair”. Eu estava no carro, voltando para casa com o rádio ligado (não sei se alguém ainda faz isso rsrsrs…, mas eu prefiro ouvir rádios do que mp3 e afins) e começou a tocar uma musica chamada Paradise City do Guns n’ Roses. Se você ainda não conhece, é essa aqui.
Logo a primeira frase da música, que diz algo como “(…) Me leve de volta pra cidade paraíso / Onde a grama é verde e as garotas são lindas…”, me lembrou daquilo que vinha pensando a semana toda. Enquanto eu olhava para fora, tudo parecia mais calmo e mais bonito, comecei a lembrar de tudo o que me aborrecia e preocupava antes e as mesmas coisas não pareciam ter tanta importância.
Você nem nasceu e já está me ensinando algumas lições: umas delas é que tudo o que passamos e como nos sentimos com isso dependem muito de como olhamos a situação. Que sempre devemos buscar um olhar melhor, que nos traga paz, calma e que nos faça bem. Não precisamos fugir para conhecer Paradise City, a grama verde e a beleza sempre está ao nosso redor, basta olhar com os olhos certos.
Muito obrigado por me trazer um olhar melhor do mundo.
Bjs do seu Pai.
Cartas de hoje, para amanhã sobre o ontem.