Costurando nas alturas

Se existisse neste planeta um manual de “Socorro às donas de casa” com certeza nele não estaria escrito como consertar uma cortina rasgada depois de pendurada na sala. E situações como esta só acontecem nesta casa; portanto, tive que desenvolver metodologia própria para resolver este problema.

Não bastasse isso, o rasgo foi lá no alto da cortina, perto do varão e longe demais da ponta para que eu pudesse tirar o pano para costurar. Como agravante, nesta casa não existe marido, pai, zelador ou mister M, o que deixa a responsabilidade para minha pessoa: a delicadeza do Shrek com o tamanho de um gnomo de jardim.

A única solução que encontrei foi levar as agulhas às alturas. Sim. Combinação kit de costura + escada. Estava me sentindo o próprio Indiana Jones em suas aventuras pendurado em um cipó com uma espada nas mãos. O tapete felpudo não ajudava, mas uma vez que comecei a subir não podia desistir. E, lá de cima, com os pés da escada ainda se adaptando ao tapete, lembrei: precisava passar a linha dentro da agulha! E desço da escada e corto a linha e enfio na agulha e dou aqueles nózinhos pra linha não passar para o outro lado da cortina.

Momento de concentração para subir a escada novamente. Ring ring – telefone toca. Sem pensar espetei a agulha no sofá pra não perder ela de vista. E não é que perdi? A agulha e a linha desapareceram. Por um momento pensei que tivessem sido raptadas ou se auto costurado. Mas como aqui na sala tudo é bege: sofá, tapete, manta e a linha – as coisas se misturaram. Tive que encarnar o Tom Cruise e à la Missão Impossível, deitei no chão e morrendo de medo de tomar uma agulhada, fui procurar. Cinco minutos procurando: JURO. Uma eternidade e a realidade do ditado “agulha no palheiro”. Até que consegui achar.

No final, acho que depois de tudo isso, o ato de costurar em cima de uma escada foi simples. Bem simples.

 Sou a heroína da cortina e a sobrevivente da minha própria vilã. San: sobrevivi 😛

Lição do dia: crianças, não tentem isso em casa!