… tchau!

E se encerra mais uma etapa. Ontem entreguei as chaves do meu apartamento à dona, para que ele pudesse ser alugado para o próximo morador; o próximo sortudo em poder construir histórias neste lugar tão especial.

Ontem foi a última vez que parei naquela vaga de garagem tão difícil de estacionar, com uma coluna de concreto de cada lado. A última vez que abri a caixinha de correspondência pra verificar se haveria também uma última carta. A última vez que autorizei a entrada de alguém pelo interfone: irônico ou não, liberei a entrada da própria dona da casa. Foi a milésima última vez em que eu revisei os armários, só pra garantir que não havia me esquecido de nada. E acho que realmente não me esqueci. Tudo o que eu precisava já estava comigo.

E ontem me senti feliz; me senti tranquila. O sentimento de dever cumprido, ciclo encerrado e vitória conquistada. Porque ao olhar em meu redor e ver que foi ali, naquele apartamento que superei meus medos, ri até chorar e hoje dou risada do que chorei é que pude concluir: foi ali que dei meus primeiros passos em direção à minha própria liberdade.

Também foi ali que aprendi que para ser família não precisa de muita gente. Ali eu fui a minha família, meu apoio e minha rotina. Aprendi que é possível ser feliz sozinho e também descobri que a minha própria companhia é muito agradável! Porque ali eu consegui construir um lar, do jeitinho que aprendi onde cresci com a minha família. E agora que estou de mudança, levarei meu lar comigo porque o verdadeiro significado de casa não está nas paredes e suas portas, mas sim no coração de cada um de nós.

O que ficam são as lembranças, o aprendizado, as lágrimas e as risadas. As pessoas que conviveram ali comigo e de alguma forma puderam sentir a energia boa do apartamento, apesar dos barulhos noturnos do caminhão de lixo ou das buzinas de quem está atrasado para chegar ao trabalho. Só tinha o que agradecer à proprietária do apartamento (sem contar as vezes que o aquecedor de água falhou!) pela oportunidade de ter colocado em meu caminho a maior aventura da minha vida – até agora!

E bem ali, naquela sala sem móveis não consegui sentir o vazio que estava ali aparente; nem no ambiente muito menos em meu coração. Estava serena e apenas consegui enxergar – e sentir – o espaço que foi aberto para novas histórias e novas emoções. Assinei o encerramento do contrato e fui embora. Sem olhar para trás.

Lição do dia: “se chorei ou se sorri, o importante é que emoções eu vivi”