Semana eu estava estendendo a roupa no varal (ah a rotina de dona de casa…), perdida entre meus pensamentos, ansiedades e as meias brancas, quando me distraí por um segundo e olhei para o céu através da janela escondida da lavanderia.
Foi quando perdi todo o foco para me encantar pela lua que brilhava no céu. Apaixonante. Hipnotizante. Eram quase onze e meia da noite, de um céu pós-chuva, cheio de nuvens e sem nenhuma estrela para lhe acompanhar. E mesmo assim, era noite de lua cheia: única, soberana e espetacular em uma cidade que parecia já adormecida.
Não sei se naquela noite mais alguém abriu a janela para admirar a lua do mesmo jeito que eu admirava. E entre tantos sonhos e aspirações, eu podia ouvir o barulho dos carros na rua, dos alarmes disparando, dos cachorros latindo e dos aviões passando. Mas, ao mesmo tempo, podia ouvir o silêncio e a calmaria transmitida pela luz da lua, refletida através de meus olhos.
Na verdade, a lua não se importava se existia alguém ali, olhando para ela. Pouco se importava também se estivesse sozinha, sem a presença de estrelas. E o mais incrível é que não importa o que aconteça, a lua nunca deixa de aparecer. Mesmo em noites de neblina, ela está sempre lá. Mas quando ela aparece, é sempre para brilhar. Ela não se importa em dividir seu espaço com estrelas, nuvens ou cometas pois sabe que o céu é generoso e grande demais e sempre haverá espaço. A lua sabe de sua importância para nós durante a noite mas tem a maturidade e humildade para ceder seu lugar durante o dia pois também sabe da importância do sol.
Afinal não sei se a lua é muito diferente de mim: ela também tem suas fases, metamorfoses e transformações porque acredita que a vida seja um ciclo infinito e que é preciso se renovar sempre. Precisamos acreditar que a próxima fase é sempre melhor que a anterior e que o passado será um aprendizado para que possamos ser melhores no futuro. Minguante. Nova. Crescente. Cheia.
“Eu prefiro ser
Essa metamorfose ambulante
Do que ter aquela velha opinião
Formada sobre tudo” Raul Seixas.
A Lua E Eu
Mais um ano se passou
E nem sequer ouvi falar seu nome, a lua e eu
Caminhando pela estrada
Eu olho em volta e só vejo pegadas
Mas não são as suas eu sei,
Eu sei, eu sei
Música de Cassiano
O vento faz eu lembrar você
As folhas caem mortas como eu
Quando olho no espelho
Estou ficando velho e acabado
Procuro encontrar
não sei onde está você
Você você….
o Vento faz eu lembrar você
As folhas caem mortas como eu…
A lua e eu