Uma pausa

Menos padrões e menos clichês

Porque tudo em nossas vidas deve rigorosamente seguir algum tipo de padrão? Porque é sempre melhor ser magra, alta e com os cabelos lisos? Porque só é realizado quem ganha mais dinheiro e mais feliz aquele que tem mais filhos?

De onde vieram todas essas regras e todos estes padrões e quem falou que aquele que não seguí-los não será completamente feliz? Imagine então esta pessoa, que tem 1,50m de altura, alguns quilinhos acima do peso porque adora comer carboidratos e odeia fazer ginástica e não faz escova progressiva porque de vez em quando gosta de deixar seu cabelo ao estilo natural, sem pentear. Uma pessoa que nunca foi uma aluna brilhante na escola ou na faculdade e usa óculos porque não se adaptou às lentes de contatos. Longe de ser a mais bonita, sempre foi mais engraçada que arrumadinha e preferia assistir jogos de futebol às apresentações de balé.

Sinceramente, se esta pessoa (no caso, eu) fosse seguir ou acreditar em todos os padrões, seria hoje completamente insatisfeita com sua vida, tentando eternamente ser aquilo que não é. Claro que seria mais fácil se eu tivesse a aparência de Angelina Jolie; mas então qual seria a aventura em ter duas destas iguais no mundo?

Eu prefiro ser diferente dos comerciais que a gente vê na tevê, dos cabelos perfeitos, amores eternos e dentes brancos. Se eu não tivesse ganhado apelidos na escola, hoje não teria tantas histórias engraçadas para contar. E se a vida fosse mais fácil, talvez eu não teria aprendido todas as lições dos tombos que tomei ao longo do meu caminho (acredite: nem todos são bonitos de contar).

E que fique claro: de vez em quando, gosto de fazer escova no cabelo e porque não uma chapinha para deixar bem lisinho? Só quero ter a liberdade de sair de casa e não ser julgada quando ele estiver natural. Quero andar descalça e usar pijama quando der vontade. Quero ter o direito de ser mulher e também falar palavrões quando me der raiva: sem que haja a desculpa da TPM {porque nem tudo nessa vida é hormônio}.

Quero que um dia nossas melhores roupas sejam apenas nossos sorrisos; que não sejamos julgados pelas roupas, estado civil ou profissão. Ser solteira não me torna melhor nem pior do que aqueles que são casados: apenas vivemos em situações diferentes e transitórias. O médico é tão importante quanto o gari, cada um com suas funções e habilidades mas igualmente necessários à nossa sobrevivência.

O mais importante não é o que temos, mas sim o que somos. Somos diferentes uns dos outros – ainda bem! – e só cabe a nós aceitar, respeitar e conviver com culturas e histórias tão fascinantes quanto às nossas por aí. Porque a vida não deve ser um padrão, mas sim uma curva: emocionante e imprevisível.

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SobreCaubi

Paulista de sotaque e raízes caipiras. Aquariana, corinthiana, administradora, louca das plantas, eterna romântica e dona de casa amante de panos de prato, potinhos e canecas. Um pouco fotógrafa, aprendiz de escritora, cozinheira em evolução, artesã nas horas vagas e sempre otimista. Dramática e criativa, atravessando os 30 com histórias [quase] normais.

5 comentários

  1. Como dizia Cassia : ” Bobeira é não viver a realidade e eu ainda tenho uma tarde inteira. Eu ando nas ruas, eu troco um cheque, mudo uma planta de lugar, dirijo meu carro, tomo o meu pileque e ainda tenho tempo pra cantar… ” enquanto temos tempo, ao invés de querer seguir os padrões da vida, vamos mais é viver ! E cada um do jeito. Beijos. Show de texto. amei !

  2. Muito bem, é isso mesmo, ser o que é, do jeito que escolher e pronto. Mais uma vez um texto de qualidade, obrigada por nos fornecer este prazer.

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