De carona

As solas que deixamos pelo caminho

29 jun 2015 • por Caubi • 0 Comentários

Hoje faz pouco mais de um mês que voltei de Fernando de Noronha e, às vezes, me pego mexendo nas fotos e pensando na beleza deste lugar. Um dos passeios mais bonitos que fiz por lá foi a trilha do Atalaia, a qual é possível fazer uma caminhada pelas praias do mar de fora e mergulhar nas piscinas naturais formadas pelos recifes, berço de tubarões da ilha.

É possível seguir por dois caminhos: a trilha curta e a longa. Por causa do excesso de corais, a trilha curta estava fechada durante o período que eu estava lá então só restou a opção da trilha longa. O que sobrou desta trilha foram as fotos e as paisagens. Literalmente. Tênis, meias e bronzeado deixei pelo meio do caminho.

A trilha longa tem aproximadamente 5km de percurso e demora aproximadamente 4 horas. Fizemos o passeio pela manhã e, nem preciso escrever aqui que quase morri chegando ao final da trilha. A paisagem, porém, compensa qualquer sacrifício. A mistura e diversidade de árvores e folhagens impressiona.

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O primeiro trecho da caminhada é no meio do mato. Como choveu bastante na noite anterior, o solo estava coberto de lama. Com muita habilidade consegui me sujar bastante e, como a recomendação era a de levar um tênis velho, o pobre coitado não resistiu.

Depois do trecho de lama, o tênis começou a secar e, acreditem: se desfazer no meio do percurso! Sim, as duas solas se descolaram completamente e fiquei apenas com a parte de cima do tênis; embaixo era apenas a meia.

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Esta parada ainda foi no trecho de mato, então eu ainda estava sorrido e não fazia ideia do que iria enfrentar. O tempo já estava bem quente, muito sol na cabeça e bastante água para hidratar.

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Depois deste trecho, veio uma descida entre as pedras para o mergulho na primeira piscina natural.

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Era difícil de acreditar no que os olhos podiam ver. Me senti no “Procurando Nemo”. Peixes coloridos, polvo, algas e é claro, corais. A piscina é super rasa então boiar – mesmo com o colete – é um desafio. Snorkel, respira, não colocar os pés no chão e nadar contra a correnteza. Que difícil! Claro que bati o joelho em alguns corais e saí da piscina toda ralada.

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Mas a segunda parte foi pior. De uma piscina natural até a próxima era mais de 1km de distância de caminhada entre as pedras. Seria um trecho difícil para quem não tem um corpo atlético e fôlego de jovem. Agora imagine tudo isso somado à duas tapiocas no café da manhã, no sol das 11h nas pedras quentes de meias.

Eu olhava para frente. Olhava para trás. A paisagem era a mesma e simplesmente não tinha para onde correr. Adiantava chorar? Claro que não. Só me restava respirar fundo e tentar alcançar o guia, que ficava cada vez mais distante dos passos cada vez mais lentos. Aproveitei para tirar algumas fotos porque em algum momento iria querer me lembrar deste dia com saudades desta paisagem.

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Não sei como, mas sobrevivi. A segunda piscina natural era tão linda quanto a outra e, de certa forma, o cansaço foi embora junto com as ondas que levavam os peixes embaixo do mar.

Ao final da trilha, fomos ao pico do Morro de São Pedro visitar a Capela de São Pedro dos Pescadores. Foi a cereja do bolo de um passeio com paisagens simplesmente incríveis.

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O resultado do passeio foi: cabelo duro, joelho ralado, queimadura nas costas e bolhas nos pés. Não sei se tenho maturidade ou espírito aventureiro mas, se alguém me contasse o que eu vi seria difícil de acreditar. Algumas coisas precisam ser vistas com nossos próprios olhos para que fiquem para sempre eternizados em nossa memória e em nosso coração.

Para quem pretende fazer este passeio, siga este conselho: não leve um tênis tão velho assim 😉

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